Em sua marcha progressiva chegará um dia em que tocará o Espiritismo. Ou melhor, tocará o caminho seguido pela Religião no sentido amplo da palavra; não a religião dogmática, estreita e particularista. A partir desse momento, Ciência e Religião fundirão, não mais caminharão paralelamente. E a Ciência descobrirá que é filha da Religião, filha do sentimento inato do homem, de busca do desconhecido. Sentimento este que existe em todos os estágios de progresso da Humanidade, desde o selvagem até o mais culto homem civilizado. Com a diferença de que no selvagem reveste-se de um sentimento de medo e respeito pelo desconhecido; medo e respeito que denunciam a presença de algo que ele não conhece e que, com o desenvolvimento intelectual, passará a procurar: é o fundamento de toda pesquisa científica.
O Espiritismo, não se preocupando com a forma e sim com a essência, nunca temeu a Ciência; pelo contrário, sempre se antecipou à Ciência. Onde a Ciência estabelece limites, justamente devido aos seus métodos concretos de pesquisa e avaliação, o Espiritismo prossegue. Mas, continuando seu trabalho - como vem fazendo hoje - a Ciência atravessará o véu que separa o mundo visível do invisível, encontrando-se, fatalmente, com o Espiritismo, que a aguarda do outro lado. Quando isso ocorrer - e pelos acontecimentos pode-se prever que não demorará muito - estará instalada na Terra a "era mediúnica" (assim chamada pelo prof. Herculano Pires). Uma era em que os homens perceberão a continuidade da vida embora a inexistência do corpo material.
Nessa era tudo o que é "forma", tudo o que é transitório e perecível, passará a ter o seu valor verdadeiro. No campo moral, essa era trará modificações de envergadura. Por exemplo, os homens não mais se apegarão egoisticamente aos bens materiais, para efeito de enriquecimento próprio e de seus familiares em detrimento do restante da coletividade. Haverá, forçosamente, menos apego aos títulos vantajosos (como "proprietário", "patrão", etc.) e muito mais destaque para as oportunidades que tais títulos representam para seus detentores; oportunidades de trabalho em escala ampla, beneficiando maior gama da sociedade.
A família também será fundamentalmente atingida pelos efeitos da nova era. Aliás, a Ciência ensinará aos homens o novo caminho. Com o surgimento do "bebê de laboratório" (uma espécie de útero materno fora do corpo, onde reencarnarão os Espíritos no futuro) (Na ocasião deste artigo, a única forma de reprodução "não natural" era o bebê de proveta.NE), deixará de ter fundamento o chamado "laço de sangue", a parentela consanguínea. Somente prevalecerá a parentela espiritual, a verdadeiira parentela que se rege pela lei das afinidades. Será realmente um amor muito mais profundo entre os membros de uma mesma família, visto que será espontâneo e não sujeito às flutuações da matéria, ou melhor, às flutuações dos bens materiais. A reencarnação será compreendida em toda a sua extensão e os homens ficarão sabendo que as afinidades são imorredouras: pertencemos a uma grande família espiritual.
A par do avanço científico, a nova era está também sendo preparada no campo moral. A rebelião dos jovens, por exemplo, é uma forma de nos preparar para um amor menos exclusivista. Passam os pais, desde já, a compreender que o filho não é sua propriedade exclusiva, é um Espírito carente de amparo e disciplina. A dor vai ensinando os pais de hoje a se prepararem para o amanhã. Hoje são obrigados a amar filhos que vivem fora de casa uma grande parte do tempo, renegando a autoridade dos genitores, preparam-se para amanhã oferecerem todo o seu amor a filhos que nem sequer foram gerados por eles: Espíritos reencarnados num tubo de laboratório.
Os jovens, por sua vez, com a quebra brusca da sujeição à autoridade, estão passando por uma experiência que, embora dolorosa para eles mesmos, lhes será útil: preparam-se para o "meio-termo" da nova era. Evidentemente, o excesso de liberdade de que procuram não abrir mão, em muitos casos afeta a liberdade do próximo; quando isso ocorre deixamos de ser apóstolos da liberdade para passarmos, vertiginosamente, para o lado oposto: seremos opressores da liberdaade alheia. Quando se oprime alguém, a Lei de Causa e Efeito nos ensinará o valor real da liberdade, utilizando a violência da dor em nós mesmos.
Portanto, a juventude que se excede está cultivando uma experiência (de que poderia abrir mão se meditasse um pouco) que lhe ensinará a viver a verdadeira liberdade da nova era no Planeta Terra.
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