quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

TER OU SER???

 

TER OU SER ???
 
O que nos impulsiona na direção do ter, do consumir, do poder? O dinheiro, que deveria ser complemento de felicidade, passou a ser um fim em si mesmo. Por quê? Em uma sociedade baseada em valores materiais, o homem continua cada vez mais angustiado, automatizado, aflito e infeliz. Consome vorazmente o que pode. Quando não pode, sente-se inferior, pequeno, sem valor. Psíquica e morbidamente obeso, tem uma fome que não consegue saciar, porque não procura o alimento adequado à sua verdadeira natureza. Seus referenciais são representados pelo que pode obter com o modo de vida capitalista: bem sucedido é aquele que possui roupas de grife, carros, posição social, poder e, principalmente, dinheiro, muito dinheiro. Acumulando coisas, o ser humano passa a ser, ele também, coisa: de possuidor passa a possuído. Em tal condição, descarta e é descartado.

Como podemos deixar que os objetos, que deveriam nos servir, passem a ser desesperadamente perseguidos por nós, como se fossem uma meta em si próprios? Ter, ter e mais ter, para quê? Nas ruas, no trabalho, no contato com os outros, não há mais tempo para sentir a vida. Tudo precisa ser rapidamente consumido: refeições, atividades, tarefas. O dia, que vemos voar, deixa-nos cada vez mais a sensação de vazio, de dever não cumprido, porque se tornou muito curto diante das nossas obrigações.

Assim, a vida é inutilmente queimada no fogo da vaidade, da ganância, da futilidade, tornando-se insuportavelmente fugaz. Como se fosse grão de areia, escapa entre nossos dedos e chega ao fim sem ter sido realmente vivida. A conseqüência do ter, em detrimento do ser, é o esvaziamento moral, afetivo e espiritual. Sentimos a frieza do outro, sua falta de calor, de respeito e, principalmente, de amor, sem perceber que também somos condutores de frieza e de ausência de afeto. O homem destrói por ganância o meio em que vive. Predador e cruel, importa-se apenas com o lucro que poderá auferir. Os meios de propaganda, com apelos cada vez maiores e mais fortes na direção do consumo, tornaram-se os reais condutores de nossas existências. Somos seus meros escravos.

É preciso parar para pensar no que precisa ser feito diante disso tudo: buscar nas profundezas do nosso ser o antídoto que nos permita ser e não apenas ter, refletir sobre a maneira como conduzimos a vida e o nosso relacionamento com os outros, meditar sobre os valores que devem dar real valor à nossa existência, repudiando aqueles que nos são impostos.

Sejamos alguém e não algo. Saboreemos a vida, adicionando um bom tempero aos nossos dias, para que eles não passem em vão! Ajudemos o próximo, transmitindo calor em nossa passagem e deixando marcada na trilha da nossa existência uma forma singular de ser.
 

 

O amor que remove montanhas,
o amor que inspira a todos a desejarem um mundo melhor,
o ser humano que ama a todos como a si mesmo,
e que deseja apenas ser...
Ah!!! Que maravilha!!!
O amor atingiu a maioridade e se tornou compaixão...
 
 
 
 

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