quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O sofrimento dos Suicidas

 
O sofrimento dos Suicidas
 
(Conscientes e Inconscientes)
 
Como foi falado no tópico sobre reencarnação, todos temos mais ou menos um tempo de vida, onde foi planejado um conjunto de resgates, encontros, lições e etc.
 
Esses acontecimentos podem ser entendidos como tendências da sua vida e não como destino, ou seja, tudo isso será atraído para você, os resgates podem ser minimizados ou até evitados pelo seu "estilo" de vida. No caminho contrário, os benefícios podem não chegar até você, pelo mau uso dos bens materiais e espirituais concedidos ou pela cegueira espiritual em que o encarnado se encontra.
 
O suicida não tem o direito de tirar a sua vida.
 
Não foi o espírito que criou a vida, a vida é um "milagre" do criador, que dá a oportunidade de crescimento para seus queridos filhos. Somente ele, em sua sabedoria infinita tem o direito de retirá-la.
 
Com ou sem dificuldades, muito doente ou cheio de vícios e erros, abandonado ou demasiadamente idolatrado... Não existe desculpa para o suicídio.
 
O espírito ficará em estado de sofrimento e só poderá ser resgatado pelos amigos espirituais quando o tempo estipulado para sua vida terminar.
 
Isso não é uma regra absoluta, existem variáveis que podem minimizar ou até compartilhar com outros a responsabilidade do suicídio, contudo, isso é o que acontece na maioria dos casos.
 
O suicida pode ficar ligado aos seus restos mortais e sentir a sensação da decomposição do seu corpo físico, isso acontece porque o fio de ligação não foi devidamente rompido, o corpo está morto para o mundo, contudo, o espírito continua ligado.
 
O sofrimento após a morte daquele que se suicida não é interminável, mas, para aquele que sofre parecerá não ter fim. A grande maioria entra em estado de loucura, porque revive a todo o momento o ato que realizou. Na sua tela mental ele revive os últimos momentos e sente a dor e o sofrimento que causou a si mesmo. Mergulhando em um mundo de alienação ele não enxerga quase nada a sua volta, não consegue sentir a presença daqueles que o visitam periodicamente para orar em seu favor.
 
O suicida também é presa fácil dos espíritos trevosos, que sugam sua vitalidade.
 
Em alguns livros nos é falado sobre o Vale dos Suicidas, lugar para onde são "atraídos" os irmãos que decidem abandonar o corpo pela própria vontade. Após a leitura de vários livros, acredito que os suicidas podem ser levados a diferentes tipos de regiões do astral inferior, tudo depende dos agravantes e atenuantes de sua responsabilidade e dos atos cometidos durante a vida.
 
Religioso ou Ateu, Rico ou Pobre, Poderoso ou Desconhecido, Médium ou Padre, todo aquele que se suicidar sentirá o peso cruel do próprio ato. Conhecendo ou não o plano espiritual ele experimentará a alienação do seu próprio assassinato.
 
PARA AQUELES QUE CONHECEM UM POUCO DO PLANO ESPIRITUAL, NÃO ACONSELHO A FICAR PENSANDO.... COMO SERIA BOM IR PARA O OUTRO LADO!!! OU EU QUERO MORRER PARA VIVER NO MUNDO DOS ESPÍRITOS!!!
 
O pensamento é matéria de outro plano, a vontade do espírito é força criadora, se você pensar em morrer, você acabará morrendo e se tornará um suicida inconsciente, passando pelos mesmo sofrimentos do suicida consciente.
 
Aqueles que são viciados em álcool, cigarros, drogas e etc, acabam diminuindo o seu tempo de vida, e também estão sujeitos a esse tipo de sofrimento depois da morte. André Luiz, no livro Nosso Lar, mostra com suas próprias palavras o sofrimento de um suicida inconsciente (ele próprio), como era considerado:
 
" Eu guardava a impressão de haver perdido a idéia de tempo. A noção de espaço esvaíra-se-me de há muito.
 
Estava convicto de não mais pertencer ao número dos encarnados no mundo e, no entanto, meus pulmões respiravam a longos haustos.
 
Desde quando me tornara joguete de forças irresistíveis?
 
Impossível esclarecer.
 
Sentia-me, na verdade, amargurado duende nas grades escuras do horror. Cabelos eriçados, coração aos saltos, medo terrível senhoreando-me, muita vez gritei como louco, implorei piedade e clamei contra o doloroso desânimo que me subjugava o espírito; mas, quando o silêncio implacável não me absorvia a
voz estentórica, lamentos mais comovedores, que os meus, respondiam-me aos clamores. Outras vezes gargalhadas sinistras rasgavam a quietude ambiente. Algum companheiro desconhecido estaria, a meu ver, prisioneiro da loucura. Formas diabólicas, rostos alvares, expressões animalescas surgiam, de quando em quando, agravando-me o assombro. A paisagem, quando não totalmente escura, parecia banhada de luz alvacenta, como que amortalhada em neblina espessa, que os raios de Sol aquecessem de muito longe.
 
E a estranha viagem prosseguia... Com que fim? Quem o poderia dizer? Apenas sabia que fugia sempre... O medo me impelia de roldão. Onde o lar, a esposa, os filhos? Perdera toda a noção de rumo. O receio do ignoto e o pavor da treva absorviame todas as faculdades de raciocínio, logo que me desprendera dos últimos laços físicos, em pleno sepulcro!
 
Atormentava-me a consciência: preferiria a ausência total da razão, o não-ser.
 
De início, as lágrimas lavavam-me incessantemente o rosto e apenas, em minutos raros, felicitava-me a bênção do sono.
Interrompia-se, porém, bruscamente, a sensação de alívio. Seres monstruosos acordavam-me, irônicos; era imprescindível fugir deles. "
 
9. A Nova Vida para os Assassinos, Caluniadores, etc.
 
Compartilharei uma conclusão que tive após ler vários livros sobre desencarnação.
 
Todas as pessoas que prejudicam outras, sentem um "certo" remorso, contudo, a grande maioria ignora essa "voz interior", o impacto dela é muito pequeno, a culpa vem, mas logo o encarnado consegue se desfazer do pensamento, realizando outros atos maldosos ou continuando a sua vida.
 
Contudo, após a morte tudo fica diferente, não é mais uma "voz interior" e sim um Grito Ensurdecedor da Alma que transfere para o desencarnado toda a consciência de culpa do erro cometido. A sensação de "culpa" dos desencarnados é implacável, ele não consegue mais ignorar esse sentimento, já que não possui mais o corpo físico para aliviar os impactos emocionais.
 
Bom, podemos concluir então que aquele que prejudica alguém, no fundo, sempre se sente culpado, mesmo que não admita, e é essa culpa a brecha para todos os tipos de sofrimento que ele padecerá, enquanto continuar encarnado e também após o seu desencarne, caso não mude a sua postura.
 
Vamos então exemplificar no caso do assassino... Se o João mata o Pedro, Pedro continua existindo, só que em outro plano. Se o Pedro for um espírito bondoso e com algum discernimento espiritual ele perdoará João e seguirá o seu caminho, alcançando esferas de luz e amor. No entanto, a "brecha" de João continua e ele será obsediado, através dessa "culpa" interior por espíritos das trevas, que serão atraídos por esse tipo de vibração.
 
Existem legiões de espíritos que se julgam "justiceiros", acham que tem o direito de fazer sofrer aqueles que praticaram maldade, seja por motivo de vingança, seja por motivo de justiça. Espíritos amigos nem sempre podem interceder, já que o faltoso tem compromissos graves com as leis divinas.
O João também pode se tornar um joguete de espíritos maldosos que o manipularão para realizar outras maldades, da obsessão se tornará possessão e após a morte o João se tornará escravo desses espíritos manipuladores.
 
Uma outra possibilidade é Pedro não ser um espírito bondoso, e, se tornar completamente fechado as inspirações de amor e perdão que serão passadas pelos espíritos amigos.
 
Ele perseguirá João de todas as formas possíveis. Como João possui uma dívida, ou seja, uma brecha cármica com Pedro, aos poucos Pedro conseguirá obsediar João e fará de tudo para que sofra até os últimos dias de sua vida. Provavelmente espíritos trevosos, hipnotizadores, vampiros, obsessores, manipuladores se aproximarão de Pedro, ensinando-o várias técnicas de obsessão.
 
Pedro esperará João e quando esse morrer, realizará toda sorte de maldades. O fim desse ciclo, que necessitará provavelmente do renascimento do grupo envolvido, só ocorre através do auxilio de instrutores abnegados, que com paciência e amor esperam que os vingadores "cansem" de fazer maldades e que o "faltoso" esteja apto a ser ajudado.
 
Chegamos a conclusão que aquele que se compromete na Terra por prejudicar alguém sente um peso tão grande da culpa que isso o impede de ser levado para regiões de Luz.
 
Se desejar mudar o seu destino terá que acordar para a verdade e, além disso, se sentir merecedor de uma nova chance.
 
Buscamos mostrar, em aspectos gerais o que acontece, lembrando que cada caso tem suas características próprias.
 
Um assassino pode mudar todo o rumo de sua vida. No caso de se arrepender ele pode dedicar sua vida ao amor, a paz e a solidariedade. Modificando completamente o seu campo vibratório ele poderá modificar a brecha cármica que abriu.
 
Embora não se eximindo de sua responsabilidade, que um dia será cobrada pela justiça divina, ele prepara a colheita para a vida após a morte, podendo assim receber a ajuda das equipes espirituais. Todos temos a chance de modificar nossas vidas, ninguém nasceu para sofrer, a Luz do Amor Divino pode ser alcançada por todos.
Retiramos a seguinte passagem do livro Voltei, do Irmão Jacob:
"... Disse que o irmão em crise realmente fora homicida em outra época, mas trabalhara em favor da regeneração própria e a bem da Humanidade, com tamanho valor, nos últimos 30 anos da existência, que merecera carinhosa proteção dos orientadores de mais alto..."
 
Do livro Evolução em Dois Mundos, de André Luiz, retiramos o seguinte trecho:
"Criminosos que mal ressarciram os débitos contraídos, instados pelo próprio arrependimento, plasmam, em torno de si mesmos, as cenas degradantes em que arruinaram a vida íntima, alimentando-as à custa dos próprios pensamentos desgovernados.
 
Caluniadores que aniquilaram a felicidade alheia vivem pesadelos espantosos, regravando nas telas da memória os padecimentos das vítimas, como no dia em que as fizeram descer para o abismo da angústia, algemados ao pelourinho de obsidentes recordações.
Tiranetes diversos volvem a sentir nos tecidos da própria alma os golpes que desferiram nos outros...".
 
 
 
10. O Desencarne de seres Altamente Evoluídos
 
Os seres altamente evoluídos, como os Mestres e Santos, conseguem realizar por vontade própria o desligamento do seu corpo físico.
 
Se assim for a vontade do homem auto-realizado, ele pode se desligar do corpo com tal velocidade e de tal forma que as poderosas energias que circulam pelo seu corpo etérico são absorvidas pelo corpo cadavérico, mantendo por longo tempo o corpo coeso.
 
Esses seres nada sofrem porque não vivem na terra, mas mergulhados no na infinita consciência divina, eles não são mais iludidos por maya (a grande ilusão) e por isso partem para planos mais sutis, podendo habitar planos acima do astral.
 
 
 
11. A Nova Vida para os médiuns
 
Coloquei esse item por saber toda curiosidade e mistério que circundam aqueles que são médiuns.
 
O médium não foge a nenhuma regra que expomos aqui. Ele está sujeito as mesmas energias de atração, apego e conduta.
 
Contudo, a boa, má ou não utilização dos dons que recebeu influenciam e muito no que acontecerá após o desencarne.
 
O que utilizou de forma produtiva a sua mediunidade, ajudando os que sofrem receberá o benefício da intercessão dos que o amam e sentirá o valor das preces que receberá durante o período de desencarne.
 
O que não utilizou para nada a sua mediunidade estará sujeito ao seu apego e conduta, contudo, assim que sua consciência se dilatar ele sentirá uma frustração imensa por não ter utilizado o benefício QUE ELE SOLICITOU para ajudar o próximo.
 
O que utilizou a mediunidade com objetivos egoístas e para benefício próprio fica entregue aos espíritos de baixo padrão com que se afinizou durante a vida. Muito provavelmente será explorado de todas as formas possíveis, pois os espíritos que durante a sua vida atenderam seus pedidos, agora se acham no direito de utilizá-lo da maneira que acharem melhor.
 
 
 
12. As sensações físicas, vícios após a Morte – A nova vida dos viciados
 
O título aqui não fala somente sobre os viciados em Álcool, Fumo ou Drogas, também estão envolvidos os que são apegados a qualquer tipo de "sensação" experimentada na terra.
 
Os desejos estão no espírito e não no corpo físico, por isso, a maior parte dos recém-desencarnados continua sentindo os "desejos" físicos, sejam eles a fome, a sede, as compulsões, a sexualidade e etc.
Ramatís nos fala de forma clara sobre isso no livro Fisiologia da Alma
 
"...Na verdade, os vícios terrenos não devem ser encarados como "pecados" ofensivos a Deus, mas apenas como grandes obstáculos e empecilhos terríveis que, em seguida à desencarnação, se transformam em uma barreira indesejável mantendo o espírito desencarnado sob o comando das sensações inferiores..."
 
Embora fumar ou beber não represente sofrimento para os espíritos após a morte, o vício o incomodará. Sendo uma alma amorosa e com algum discernimento espiritual, ela sofrerá da abstinência como qualquer outro espírito e terá que escolher entre os dois possíveis caminhos dos viciados após a morte:
 
- Lutar contra si mesmo e abandonar o vício, mesmo que esse o acompanhe por algum tempo.
 
- Se tornar um vampiro das emanações geradas por encarnados. Encarnados viciados em cigarro enviam para o astral, da quebra das toxinas, elementos tóxicos, que são absorvidos por esses ObsessoresVampiros. Como a absorção do vampiro é menor e o seu vício é tão intenso quanto o do encarnado, ele o estimula a cada vez tragar ou ingerir mais elementos tóxicos. Os viciados em sexo também emanam energias de baixo padrão que são absorvidas pelos ObsessoresVampiros das sensações sexuais e assim temos toda sorte de atração entre viciados encarnados e vampiros que se afinizam com aquele tipo de vicio.
 
Em vários livros podemos constatar a dificuldade dos espíritos recém-libertos de se desvencilhar do condicionamento físico, sejam os vícios da sede, forme ou sexo. Conforme o espírito vai se desligando da sua última encarnação e dos laços físicos, o seu teor vibratório muda e com isso as sensações vão se extinguindo ou conseguem pelo menos ser controladas, tudo vai depender do esforço e grau de evolução do espírito, não existe regra.
 
As toxinas aderidas ao corpo através, por exemplo, do fumo "grudam" no períspirito, ou como chamamos também, corpo astral. Essas toxinas vão dificultando o contato com os corpos superiores e com os amigos de mais alto padrão vibratório. O espírito tem dificuldade de contato superior e além disso, está carregado de energias tóxicas.
 
Quando ele desencarna, essas energias continuam "grudadas" no corpo astral, elas precisam ser expurgadas.
 
Alguns moribundos ficam acamados dias, as vezes meses. Embora isso seja muito difícil para ele e para a família, esse tempo hospitalizado PODE ser utilizado como uma benção, para expurgar as energias deletérias agregadas ao corpo espiritual.
 
Se o espírito tem um coração puro e é merecedor da ajuda espiritual podem acontecer coisas interessantes como a que li em um livro que não me lembro o nome, onde uma senhora, merecedora de carinho infinito por muitos, recebeu a proteção espiritual depois do desencarne até que seu corpo espiritual expurgasse as toxinas aderidas por causa do seu vício.
 
Vale lembrar que são poucos os casos de pessoas que conseguem manter o padrão vibratório alto, tendo um vício, para a maioria dos casos a morte vem como um BASTA para o seu vício e isso não é muito bem aceito.
 
É importante o espírito encarnado entender as conseqüências do seu vício, porque hoje ele é obsediado, mas amanhã ele se tornará o obsessor.
 
Retiramos o trecho abaixo do livro Mensageiros, de André Luiz para uma meditação sobre o desregramento de muitos durante a vida:
" - Notam-se, de fato, grandes lacunas na expressão mental do moribundo. Vê-se que atravessou a vida humana obedecendo mais ao instinto que à razão. Observam-se-lhe no mundo celular vastos complexos de indisciplina. Poderemos, contudo, ajudá-lo a desvencilhar-se dos laços mais fortes, no que se refere ao círculo carnal.
 
- Será um caridoso obséquio — redargüiu a genitora, aflita.
 
- A irmã está incumbida de encaminhá-lo? — perguntou o instrutor, compreendendo a magnitude da tarefa. — Precisamos ponderar, quanto a isto, porque o desprendimento integral se verificará dentro de poucos minutos.
 
Ela esboçou um gesto triste e respondeu:
 
- Desejaria sacrificar-me ainda um pouco por meu desventurado Fernando, mas apenas obtive permissão para socorrê-lo nos seus últimos instantes. Meus superiores prometem ajudá-lo, mas aconselharam-me a deixá-lo entregue a si mesmo durante algum tempo. Fernando precisa reconsiderar o passado, identificar os valores que, infelizmente, desprezou. As lágrimas e os remorsos, na solidão do arrependimento, serão portadores de calma ao seu espírito irrefletido. Grande é o meu desejo de conchegá-lo ao coração, regressando aos dias que já se foram; todavia, não posso prejudicar, com a minha ternura materna, a marcha do serviço divino. Fernando, em verdade, é filho do meu afeto; contudo, tanto ele como eu, temos contas com a Justiça do Eterno e, no que respeita a mim, estou cansada de agravar os meus débitos.
 
Não devo contrariar os desígnios de Deus. "
 
Do livro Evolução em Dois Mundos, de André Luiz, retiramos o seguinte trecho:
" ... e os viciados de toda sorte, quais os dipsômanos e morfinômanos, experimentam agoniada insatisfação, qual ocorre também aos desequilibrados do sexo, que acumulam na organização psicossomática as cargas magnéticas do instinto em desvario, pelas quais se localizam em plena alienação.".
 
13. O Apego ao Corpo físico
 
Esse tópico é parecido com o anterior, contudo, sobre esse tema encontrei o fascinante trecho no livro Nosso Lar, de André Luiz:
 
"Regressando ao contacto direto com os enfermos, notei Narcisa a lutar heroicamente por acalmar um rapaz que revelava singulares distúrbios.
 
Procurei ajudá-la.
 
O pobrezinho, de olhos perdidos no espaço, gritava, espantadiço:
 
- Acuda-me, por amor de Deus! Tenho medo, medo!...
 
E, olhar esgazeado dos que experimentam profundas sensações de pavor, acentuava:
 
- Irmã Narcisa, lá vem "ele"!, o monstro! Sinto os vermes novamente!
 
"Ele"! "Ele"!. . . Livre-me "dele" irmã! Não quero, não quero!...
 
- Calma, Francisco - pedia a companheira dos infortunados -, você vai libertar-se, ganhar muita serenidade e alegria, mas depende do seu esforço.
 
Faça de conta que a sua mente é uma esponja embebida em vinagre. É necessário expelir a substância azeda. Ajudá-lo-ei a fazê-lo, mas o trabalho mais intenso cabe a você mesmo.
 
O doente mostrava boa-vontade, acalmava-se enquanto ouvia os conceitos carinhosos, mas volvia à mesma palidez de antes, prorrompendo em novas exclamações.
 
- Mas, irmã, repare bem... "ele" não me deixa. Já voltou a atormentarme! Veja, veja!...
 
- Estou vendo-o, Francisco - respondia ela, cordata -, mas é indispensável que você me ajude a expulsá-lo.
 
- Este fantasma diabólico!... - acrescentava a chorar como criança, provocando compaixão.
 
- Confie em Jesus e esqueça o monstro - dizia a irmã dos infelizes, piedosamente -, vamos ao passe.
 
O fantasma fugirá de nós. E aplicou-lhe fluidos salutares e reconfortadores, que Francisco agradeceu, manifestando imensa alegria no olhar.
 
- Agora - disse ele, finda a operação magnética -, estou mais tranqüilo.
 
Narcisa ajeitou-lhe os travesseiros, mandou que uma serva lhe trouxesse água magnetizada.
 
Aquela exemplificação da enfermeira edificava-me. O bem, como o mal, em toda parte estabelece misterioso contágio.
 
Observando-me o sincero desejo de aprender, Narcisa aproximou-se mais, mostrando-se disposta a iniciar-me nos sublimes segredos do serviço.
 
- A quem se refere o doente? - indaguei, impressionado. Está, porventura, assediado por alguma sombra invisível ao meu olhar?
 
A velha servidora das Câmaras de Retificação sorriu carinhosamente e falou:
 
- Trata-se do seu próprio cadáver.
 
- Que me diz? - tornei, espantado.
 
- O pobrezinho era excessivamente apegado ao corpo físico e veio para a esfera espiritual após um desastre, oriundo de pura imprudência.
 
Esteve, durante muitos dias, ao lado dos despojos, em pleno sepulcro, sem se conformar com situação diversa. Queria firmemente levantar o corpo hirto, tal o império da ilusão em que vivera e, nesse triste esforço, gastou muito tempo. Amedrontava-se com a idéia de enfrentar o desconhecido e não conseguia acumular nem mesmo alguns átomos de desapego às sensações físicas. Não valeram socorros das esferas mais altas, porque fechava a zona mental a todo pensamento relativo à vida eterna. Por fim, os vermes fizeram-lhe experimentar tamanhos padecimentos que o pobre se afastou do túmulo, tomado de horror. Começou, então, a peregrinar nas zonas inferiores do Umbral; no entanto, os que lhe foram pais na Terra possuem aqui grandes créditos espirituais e rogaram sua internação na colônia.
 
rouxeram-no os Samaritanos, quase à força. Seu estado, contudo, é ainda tão grave que não poderá ausentar-se, tão cedo, das Câmaras de Retificação. O amigo, que lhe foi genitor na carne, está presentemente em arriscada missão, distante de "Nosso Lar".
 
- E vem visitar o doente? - perguntei.
 
- Já veio duas vezes e experimentei grande comoção, observando-lhe o sofrimento, discreto. Tamanha é a perturbação do rapaz, que não reconheceu o pai generoso e dedicado. Gritava, aflito, mostrando a demência dolorosa. O genitor, que veio vê-lo em companhia do Ministro Pádua, do Ministério da Comunicação, pareceu muito superior à condição humana, enquanto se encontrava com o nobre amigo que obtivera hospitalidade para o filho infeliz. Demoraram-se bastante, comentando a situação espiritual dos recém-chegados dos círculos carnais. Mas, quando o Ministro Pádua se retirou, compelido por circunstâncias de serviço, o pai do rapaz me pediu lhe perdoasse o gesto humano e ajoelhou-se diante do enfermo. Tomou-lhe as mãos, ansioso, como se estivesse a transmitir vigorosos fluidos vitais, e beijou-lhe a face, chorando copiosamente. Não pude conter as lágrimas e retirei-me, deixando-os a sós Não sei o que se passou, em seguida, entre ambos; mas notei que Francisco, desde esse dia, melhorou bastante. A demência total reduziu-se a crises que são, agora, cada vez mais espaçadas."
 
 
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