CARNAVAL – UMA FALSA ALEGRIA
Entre o Espiritismo e o carnaval
não existem barreiras intransponíveis,
mas, sim, a possibilidade
abençoada de a criatura exercitar
uma de suas prioridades existenciais,
isto é, saber escolher o que
mais lhe convém, o que realmente
priorizar como verdadeira diversão.
Podemos, neste ensejo, buscar
a palavra de Paulo de Tarso, quando
ele afirmou de forma a não deixar
dúvidas sobre a questão aqui
enfocada: "Tudo me é lícito, mas
nem tudo me convém" (I Cor.,
10: 23).
As "alegrias" experimentadas
nos dias de carnaval costumam deixar
resíduos morais nocivos na alma,
tornando-os traumáticos, permanentes,
marcantes. A história
desta festividade mostra as sobras
da amargura, da tristeza, dos aborrecimentos,
dos desajustes familiares,
dos desequilíbrios financeiros,
das violências de todos os tipos, dos
casos e mais casos das gestações indesejáveis,
entre outras cruéis e dolorosas
situações deixadas como rastros
dessa mascarada, mentirosa
alegria. O tempo de as famílias inocentemente
sentarem-se nas calçadas
para ver os blocos passarem ficou
na saudade. Em substituição, surgiu
não só a necessidade cada vez maior
de uma comercialização insaciável,
com lucros exorbitantes, como
também o extravasamento sempre
audacioso do instinto sexual, da
sensualidade, tema este largamente
trabalhado com fins comerciais,
tanto interna quanto externamente.
Vale ressaltar, na oportunidade,
que o homem é o mesmo, carregando
dentro de si o desejo do prazer
genesíaco como objetivo a ser
alcançado na vida.
O carnaval de hoje destrói a
saúde física e moral, desnatura a
pureza dos sentimentos nobres e
impede maior expansão e expressão
da caridade.
Nenhum Espírito que já desfrute
do verdadeiro equilíbrio de
sentimentos e emoções e logicamente
do bom senso, condições estas
que presidem o destino das criaturas,
pode escolher, como alegria,
a loucura do carnaval que adormece
o ser, em detrimento daquelas
outras formas de alegria, as quais levam
as pessoas ao deleite de um
bem-estar espiritual, e que podem
ser assim enumeradas: a leitura de
uma página doutrinária espírita; a
convivência e conversação com pessoas
que aspiram a absorção dos valores
espirituais, o passeio no campo
ou na praia, enfim, tudo que
tenha como cenário de fundo a Natureza,
que expressa o canto celeste
da Vida em sua real dimensão – a
espiritual.
Dentro da atualidade tecnológica,
quando novos conhecimentos
felicitam a mentalidade humana,
falta a compreensão precisa do que
seja alegria, felicidade, bem-estar
moral/espiritual. É exatamente o
Espiritismo que procura descerrar
as belezas da vida do espírito e os
objetivos sagrados da reencarnação,
direcionando o homem para sua
realidade de Espírito reencarnado,
aprendendo a não reincidir nos
mesmos erros do passado.
Nos dias atuais, mais ainda nos
dos festejos carnavalescos, o que se
presencia é a licenciosidade campeando
assustadoramente; são momentos
danosos que afetam o moral,
fazendo com que o ser humano
esqueça as inapreciáveis oportunidades
de progresso espiritual.
O que mais nos intranqüiliza e
constrange é saber que há, nesses
momentos de indisciplina sentimental
– os dias de carnaval –, toda
uma influenciação das forças das
trevas espirituais nos corações das
pessoas desavisadas, levando-as a
ter que reparar, através de várias
reencarnações, alguns instantes de
prazer ilusório.
Enquanto tais pessoas se entregam
a esses "prazeres" provocadores
de desgastes físicos e morais, superlotando
os salões ricamente decorados,
os miseráveis da vida, de estômagos
vazios e corações sedentos de
amor, multiplicam-se nas ruas e estendem
suas mãos súplices à caridade.
São cegos, enfermos, crianças
abandonadas, mães aflitas e sofredoras que desfilam ao lado dos
mascarados da pseudo-alegria.
Cada ano mais e mais contribuições
abarrotam os cofres dos
que lograram materializar essas festas.
Que nos preocupemos com os
problemas nobres da vida, porque
só assim poderemos transformar o
supérfluo gasto nesses fugidios folguedos
na migalha abençoada capaz
de suprir as reais necessidades dos
mais carentes.
Enquanto houver um mendigo
abandonado junto aos exuberantes
gastos com o carnaval, somente
se poderá registrar que continuamos
passando a nós mesmos um
eloqüente atestado da nossa miséria
moral.
Terminamos estas singelas considerações
sobre a falsa alegria que
o carnaval propicia, lembrando,
Humberto de Campos em Novas
Mensagens (Ed. FEB), quando afirmou:
"Os três dias de Momo são
integralmente destinados ao levantamento
das máscaras com que todo
sujeito sai à rua nos demais dias
do ano (...)."
Adésio Alves Machado
Revista O Reformador
Fevereiro 2005
Fonte: http://universoespirita.org.br
31
Nenhum comentário:
Postar um comentário