quarta-feira, 13 de julho de 2011

EREMITAS SOCIAIS


 

Eremitas Sociais

RICHARD SIMONETTI

 

Na Europa Medieval disseminou-se o movimento de superação do pecado

com a renúncia ao convívio social.

Os eremitas (do grego eremia, deserto) escolhiam a solidão dos lugares ermos para cultivar os valores espirituais e vencer as tentações do mundo.

Há um problema em semelhante opção:

Ela contraria a natureza gregária do Homem.

Como está em "O Livro dos Espíritos", somos seres eminentemente sociais,

criados para conviver com semelhantes. Nosso próprio desenvolvimento intelectual, espiritual e moral depende desse contato.

O indivíduo que se isola perde o referencial sustentado pela convivência.

Tende a um comportamento desajustado, marcado por manias e esquisitices. Isto quando não resvala decididamente para perigosas fantasias.

Muitos eremitas, isolados da comunidade, eram tomados por perturba-ções,

dominados por estranhas idéias como a de que era preciso voltar à Natureza.

Para tanto, dispunham-se a pastar no campos, como se fossem muares, enquanto que outros flagelavam-se para dominar as tentações da carne.

Antão, que viveu nos séculos III e IV, um dos primeiros eremitas cristãos a fazer escola, houve por bem encerrar-se por quinze anos num túmulo abandonado,

alimentando-se a pão e água trazidos por um devoto, a pretexto de intermináveis combates espirituais com supostos demônios.

Semelhantes iniciativas, que conduziam à beatificação no pretérito, hoje sinalizariam a internação em hospital psiquiátrico.

 

Na atualidade lidamos com outro tipo de eremitas, bem mais numerosos e

problemáticos, compondo vasta parcela da população.

São aqueles que participam precariamente da vida social, apenas para satisfação de suas necessidades de subsistência, sem assumir compromissos e responsabilidades em favor de uma sociedade solidária, capaz de enfrentar e resolver os problemas que a afetam.

Podemos situar a pessoa que vive assim numa categoria especial:

Eremita urbano.

Alguém que se tranca numa caverna — seu lar.

Cerca-se de todo o conforto possível, como quem edifica um oásis solitário

em pleno deserto das misérias humanas, totalmente alheio aos seus compromissos com a sociedade.

Embora aprazível, trata-se de uma situação decididamente indesejável.

Os eremitas do passado, embora equivocados, buscavam Deus.

Os eremitas da atualidade reverenciam a Mamon, o deus pagão que representa os interesses materiais e as riquezas.

Buscam "resolver-se". O resto que se dane.

Negando a sua condição de seres sociais, fechados em si mesmos, os eremitas urbanos conseguem, não raro, seus propósitos.

Falta-lhes, todavia, o principal:

A paz — abençoado tempero da felicidade.

Impertinente intranqüilidade os incomoda, marcada por desajustes variados.

É natural.

Estão fora de ritmo, na sinfonia da Vida, distanciados das harmonias interiores que se sustentam, essencialmente, do empenho de servir.

 

É preciso deixar a ermida doméstica e buscar nossa integração na vida

social, participando de movimentos de solidariedade que preludiam a sociedade do futuro.

Uma abençoada sociedade em que todos se disponham a servir, fazendo

algo em favor do bem comum, conscientes de que quanto mais doarem suas horas,

seu trabalho, seus recursos materiais, mais felizes e equilibrados serão, contribuindo para a edificação do Reino de Deus.

Nele, como ensinava Jesus, o maior será sempre aquele que mais disposto

esteja a servir na vida social, furtando-se ao insulamento em eremitérios domésticos.

 

Fonte: http://www.universoespirita.org

 

O amor que remove montanhas,
o amor que inspira a todos a desejarem um mundo melhor,
o ser humano que ama a todos como a si mesmo,
e que deseja apenas ser...
Ah!!! Que maravilha!!!
O amor atingiu a maioridade e se tornou compaixão...
 
 
Irene Ibelli   
 

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