sábado, 14 de maio de 2011

O Espiritismo Perante o Evangelho

 

O Espiritismo Perante o Evangelho

 

JOSÉ SOARES DE ALMEIDA

 

A Doutrina Espírita não somente nos revela a continuidade da existência

da alma após a sua desencarnação, mas também nos ensina os meios de

desenvolvermos e aperfeiçoarmos a nossa natureza espiritual.

A evolução do nosso Espírito visando a alcançar a máxima perfeição, o

grau supremo de pureza, depende da nossa atuação durante a vida material, ou seja, da prática do bem, do amor fraternal e da caridade. São esses também os princípios fundamentais em que se assenta a doutrina moral das religiões constituídas. Portanto, o Espiritismo não contradiz a doutrina básica de nenhuma religião, ao contrário, vem consolidá-la, demonstrar a sua importância fundamental, a necessidade irrevogável de praticar a lei divina de amor e caridade, para o progresso da alma.

Não se pode, portanto, conceber o Espiritismo sem a sua parte moral, que

é inseparável da parte filosófico-científica. A opinião que muitos sustentam de que o Espiritismo é contrário ao Cristianismo é não só totalmente infundada, como absurda, para não dizer que seja um produto de arbitrariedade religiosa, como foi, em tempos idos, a condenação de todo aquele que acreditasse que a Terra se movia em torno do Sol.

O Espiritismo, embora não seja uma religião constituída no sentido amplo

da palavra, com culto, rituais, dogmas, templos e clero, é, todavia, uma doutrina que se baseia na existência de Deus, tem Jesus, o Cristo, como seu supremo chefe espiritual e está moralmente alicerçada nas leis divinas. A Doutrina Espírita está irmanada com o humilde Cristianismo do Cristo, dos Apóstolos e dos primitivos cristãos.

 

Explica Allan Kardec:

 

"O Espiritismo é uma doutrina filosófica de efeitos religiosos como

qualquer filosofia espiritualista, pelo que forçosamente vai ter às bases

fundamentais de todas as religiões: Deus, a alma e a vida futura."

O Espiritismo acata a liberdade do pensamento, até mesmo no que

respeita à crença religiosa de cada um. O que se torna importante é que todo o espírita tenha a plena convicção de que ele está neste mundo — como diz

Kardec — para cumprir uma missão, que é a de efetuar o seu progresso

espiritual, sendo a vida material seu campo de experiências.

A crença nos Espíritos existe desde os tempos imemoriais e era comum

entre o povo hebreu na época do Cristo. É já bem conhecido dos leitores do

Evangelho o fenômeno de materialização dos Espíritos por ocasião da

transfiguração de Jesus, estando ele em companhia de Pedro, Tiago e seu irmão João.

Jesus se manifesta depois da sua morte. Entre as suas várias aparições

post mortem, existe aquela que foi a mais comovente, em que Ele se revela a

Maria Madalena, quando ela foi visitá-lo no seu sepulcro e o encontrou vazio.

Quando a viu chorando, aflita, julgando que o seu corpo tivesse sido roubado,

Ele a chamou pelo nome: — Maria! — Mestre! — respondeu ela, aliviada.

Jesus era um Espírito puro o que lhe permitia total liberdade de se

materializar quantas vezes quisesse, a fim de reforçar nos seus discípulos a fé e a coragem para o prosseguimento da sua missão. Jesus foi mais poderoso, mais amado e mais venerado depois de morto do que quando vivo. Todos os

fenômenos narrados pelo Evangelho, incluindo a forma luminosa e etérea e a

voz, como vindo do Além, com que se manifestou a Paulo na estrada de

Damasco vêem corroborar as teses da Doutrina Espírita.

No Espiritismo são minuciosamente explicados os fenômenos relativos à

evolução da alma e o seu destino, embora esses esclarecimentos sejam

erroneamente interpretados pela Igreja como "milagres". O milagre, propriamente dito, significando algo de sobrenatural, não existe. O que existe é uma curta e distorcida visão das coisas que, não obstante serem incompreensíveis à nossa limitada capacidade perceptiva, estão evidentemente dentro das leis naturais.

Temos que partir da premissa, já universalmente aceita, de que nada existe no Universo fora da Natureza.

Uma vez que o Antigo e o Novos Testamentos estão repletos de casos que

envolvem fenômenos espirituais, atualmente explicados e codificados por Allan Kardec, não se vê qual a razão por que o Espiritismo deva ser abominado pelos adeptos do Catolicismo, ou de qualquer outra religião. Vemos que tanto o Catolicismo como o Espiritismo admitem a imortalidade da alma, com a diferença de que a Igreja de Roma condena as almas pecadoras ao suplício do inferno de fogo, enquanto o Espiritismo, mais em harmonia com Jesus, lhes oferece amplas oportunidades de se redimirem, baseado no princípio divino de que todo Espírito, tarde ou cedo, deve alcançar a perfeição, de acordo com a suprema bondade e o amor infinito de Deus.

Desde a sua codificação em 1857 e ao longo de mais de um século de

acerbas críticas e constante perseguição, mas também de impressionante

progresso e firme solidariedade, nenhuma filosofia ou doutrina tem demonstrado maior abnegação, paciência, tolerância, respeito aos seus adeptos e detratores, amor fraternal e caridade, do que o Espiritismo.

Muitos, por desconhecimento, ou levados intencionalmente por pessoas

hostis, misturam o Espiritismo com as artes mágicas, o ocultismo, feitiçaria,

etc., o que serve apenas para confundir a mente das pessoas indecisas e afastá-las do verdadeiro Espiritismo, que, além de ser considerado uma doutrina filosófica e científica, é, para todos os efeitos, uma religião, baseada nas eternas leis de Deus.

No sentido prático, o Espiritismo facilita a compreensão dos Evangelhos,

das previsões feitas por antigos profetas e das empolgantes narrativas dos

tempos bíblicos.

O Espiritismo não está baseado em suposições, nem em superstições,

mas em fatos atestados por homens de elevada cultura e de indiscutível

integridade. Ele abrange o mundo visível e o invisível, a natureza material e a

espiritual, e revela que o "outro mundo" não é apenas um estado simbólico, mas uma autêntica realidade, onde a alma, o ser real, continua a existir. E, acima de tudo, o Espiritismo nos indica o caminho certo a trilhar para a redenção e purificação da alma, pela prática do bem e da caridade, do amor e da fraternidade, revivendo, assim, a eterna mensagem sagrada de Jesus de Nazaré, hoje, infelizmente, quase esquecida.

 

 

 
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O amor que remove montanhas,
o amor que inspira a todos a desejarem um mundo melhor,
o ser humano que ama a todos como a si mesmo,
e que deseja apenas ser...
Ah!!! Que maravilha!!!
O amor atingiu a maioridade e se tornou compaixão...
 
Irene Ibelli  
 

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