A FLORESTA DA AMAZÔNIA ESTARIA LIMPANDO A ATMOSFERA
Homem Floresta
Resultados de pesquisas realizadas no âmbito do Experimento de Grande
Escala da Biosfera Atmosfera na Amazônia (LBA) reforçam a hipótese de
que manter a floresta em pé faz toda a diferença.
Na Amazônia, as árvores estariam "engordando" e consumindo maior
quantidade de dióxido de carbono do que emitindo, anulando os efeitos do
das queimadas na região, responsáveis pela emissão de grandes quantidades
do gás para a atmosfera.
Segundo pesquisadores, ao absorver carbono em excesso, usando o gás para crescimento, a própria floresta estaria limpando da atmosfera gases resultantes
da queima de florestas e de combustíveis fósseis que contribuem para o
aquecimento global.
Esse cenário, obtido a partir de dados da Rede Amazônica de Inventários e Levantamentos Florestais (Rainfor), desafia a teoria mais clássica da ecologia,
sobre o clímax ecológico, de que um ecossistema maduro está em permanente equilíbrio portanto, com biomassa constante.
"Por aqui, dizemos que estamos revisitando a teoria do clímax", disse Flávio
As primeiras indicações desse novo cenário foram percebidas há cerca de dez
anos, a partir de dados obtidos em torres metálicas de medição de fluxos de
carbono do LBA em Rondônia e em Manaus hoje, são 16 torres instaladas em
áreas variadas da Amazônia brasileira.
"Quando percebemos que a floresta estava consumindo mais carbono do que emitindo, começamos a questionar o que ela fazia com esse excedente",
explicou.
A inquietação levou grupos de pesquisadores do LBA, ligados ao Rainfor, à verificação de dados de biometria, medindo a mortalidade e o crescimento de
árvores em múltiplos sítios experimentais do experimento, incluindo reservas
do Inpa, como as vicinais ZF2 e ZF3, ambas no Amazonas. "Os resultados
mostraram que, na região de Manaus, a floresta estava crescendo – e
bastante", afirmou Luizão.
Segundo o pesquisador, após alguns ajustes metodológicos e muitas
medições, com a constatação de que em algumas áreas da Amazônia a floresta cresce mais do que em outras e que há áreas de floresta que não crescem
nada ou até diminuem sua biomassa, foi confirmada a expectativa de que na
região como um todo a floresta está crescendo a cada ano e seqüestrando
carbono da atmosfera.
Essa conclusão, somada aos resultados do LBA indicando que a floresta tem
papel determinante na produção de nuvens e chuvas para todo o continente,
reforça a necessidade da valoração dos serviços ambientais prestados pela
floresta, inclusive como estratégia para frear o desmatamento.
Entretanto, de acordo com o pesquisador do Inpa, existem limites para as quantidades de carbono que a floresta pode absorver para crescimento, o
que torna a criação de mecanismos de conservação tão emergencial.
"Percebemos avanços na política ambiental, mas ainda há resistência de
alguns setores em aceitar a floresta em pé como prestadora de serviços
ambientais, com medidas recompensadoras financeiramente", avaliou,
ressaltando que o crescimento da floresta no chamado "arco de
desmatamento" é menor do que em outras áreas da Amazônia.
Os pesquisadores do LBA pretendem, nos próximos quatro anos, ampliar o monitoramento da biomassa florestal, instalando muitas outras parcelas
permanentes de medição em diversas regiões da Amazônia, no Brasil e nos
países vizinhos.
A expectativa é tentar perceber como esse novo cenário maior concentração
de dióxido de carbono na atmosfera influencia a estocagem de carbono no
solo e o ciclo hidrológico da região.
Além da maior quantidade de carbono disponível na atmosfera, outros dois
fatores parecem impactar o crescimento da biomassa das florestas. O primeiro
seria a extensão das estações secas. Quanto mais prolongada, menor o
crescimento.
"A distribuição das chuvas é um fator importante. Na Amazônia andina chove
mais e praticamente não há estação seca, e a floresta cresce mais", explicou
Flávio Luizão.
O outro fator é tão ou mais variável na Amazônia do que o ciclo das estações
secas: a fertilidade natural dos solos. Quando cresce a fertilidade do solo,
também cresce a biomassa.
"Como o carbono também influencia na fertilidade, talvez a qualidade do solo
esteja sendo modificada em algumas áreas da região, afetando a capacidade.
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Irene Ibelli
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